Nos últimos anos, podemos observar um aumento no número de mulheres buscando informações sobre o parto normal. As principais dúvidas geralmente estão relacionadas com os benefícios do parto normal e a melhor forma de realizá-lo.
Durante este processo de retomada da importância do parto natural, diversos profissionais da área da saúde passaram a questionar algumas técnicas e procedimentos utilizados durante o parto, como é o caso da episiotomia. A própria OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou um documento chamado Intrapartum care for a positive childbirth experience onde recomenda NÃO realizar a episiotomia de forma liberal ou rotineira.
Para entender esta recomendação, convidamos a Dra Maíra de La Rocque, Ginecologista e Obstetra especialista em Medicina Fetal, para explicar o que é a Episiotomia e porque não realizá-la pode ser a melhor escolha.
O que é a episiotomia?
A episiotomia é um corte realizado no períneo da mulher, no período expulsivo do trabalho de parto, ou seja, no momento que o bebê está saindo.
A passagem do bebê pelo canal vaginal pode, em alguns casos, gerar cortes espontâneos, que chamamos de laceração.
Durante muitos anos, a episiotomia foi defendida como uma maneira de evitar essas lacerações pois ela protegeria a musculatura do assoalho pélvico, diminuindo a pressão sobre ela, e diminuiria o risco de sofrimento fetal, pois abreviaria o período expulsivo.
Mas as evidências científicas atuais vem para provar que essa afirmação não é real.Não são todos os partos que irão gerar lacerações e não existe necessidade de abreviar o período expulsivo se o bebê estiver bem.
Episiotomia ou Laceração Espontânea?
A episiotomia é considerada uma laceração grau II extensa pois ela é um corte que afeta a mucosa e a musculatura do assoalho pélvico. Como não serão todos os partos que terão laceração, ao fazer a episiotomia o médico está, voluntariamente, gerando uma laceração grau II em uma paciente que poderia ter somente uma laceração da mucosa (grau I) ou até não ter lacerações.
Cada bebê é um bebê, cada parto é um parto –e nós não temos como prever se haverá , ou qual o tipo de, laceração que ocorrerá.
mas nós temos maneiras de diminuir a chance de ocorrer uma laceração. E quais seriam?
Recomendações para evitar ou reduzir a Laceração Perineal
Deixar a mulher escolher a posição que ela irá parir
Evitar a posição clássica – de litotomia – aquela da mesa ginecológica, com os joelhos para o alto.
Dar preferência às posições verticalizadas (em pé, de cócoras, sentada) ou em quatro apoios.
Fazer massagem perineal e uso de compressa morna para relaxamento muscular
Fazer um trabalho de consciência e reforço da musculatura perineal com fisioterapia pélvica durante a gestação
“A episiotomia é considerada violência obstétrica e a mulher tem o direito de recusar que a mesma seja feita. Informe-se e se prepare de maneira adequada para estar preparada para o seu momento.”
Dra Maíra de La Rocque
Ginecologista e Obstetra Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Residência Médica pelo Hospital Universitário Antonio Pedro – UFF Especialista em Medicina Fetal pela Perinatal/ IETECS www.delarocqueginecologia.com.br @dramairadelarocque YouTube: Banho de Estrogênio Spotify: Banho de Estrogênio
Gostaria de agradecer a contribuição mais que especial da Dra Maíra de La Rocque. Para saber mais sobre o trabalho da Dra Maíra é só acompanhar o perfil no instagram @dramairadelarocque ou então através do Canal no YouTube: Banho de Estrogênio